Ser líder: a humanidade escondida sob manto da perfeição
Dou início a esse texto com uma reflexão trazida por Simon Sinek, escritor americano nascido em 1973, que sugere excluir da atuação do líder a porção de superpoderes que lhe foi atribuída, como num rito de passagem, ao assumir uma equipe e todas as responsabilidades, atribuições, prerrogativas e benesses, tudo embrulhado em um lindo papel de presente:
“A autenticidade é sobre a imperfeição. E a autenticidade é uma qualidade muito humana. Ser autêntico é estar em paz com suas imperfeições. Os grandes líderes não são os mais fortes, são os que são honestos sobre suas fraquezas. Os grandes líderes não são os mais inteligentes; eles são os que admitem o quanto eles não sabem. Os grandes líderes não podem fazer tudo; eles são os que olham para os outros para ajudá-los. Grandes líderes não se veem tão grandes; eles se veem como humanos.”
A grande contribuição trazida por Sinek traz a ideia de tirar do líder o manto da impecabilidade e perfeição. Apesar de todas as características necessárias para liderar, reconhecer-se com qualidades e necessidades humanas é a conexão capaz de gerar maior sustentação a todos os elos que se complementam e dão forma à gestão de pessoas e de negócios.
Muitas são as exigências para o exercício da liderança e determinadas competências são, sim, requeridas para atuação que produza êxito e resultados, dentre as quais se destacam o conhecimento, pensamento estratégico, habilidade de comunicação, autoconhecimento, automotivação, capacidade de adaptação, busca constante por excelência, capacidade de relacionar-se, pensamento crítico, equilíbrio emocional, assumir riscos, credibilidade.
Essa lista de requisitos, que ainda aceita a adição de alguns tantos outros, é a responsável indiretamente pela sensação de que com muito de tudo se faz um bom líder – e é para essa armadilha que Sinek propõe atenção.
Os saberes técnicos evoluem com a mudança da tecnologia, com novas descobertas, com novas experimentações ou, simplesmente, com novas formas de aplicação desses saberes ou novas formas de ser da sociedade. Isso requer o acompanhamento e abertura para a inovação, para a atualização permanente, para possibilidades de caminhos e soluções inéditas.
As habilidades interpessoais e as competências socioemocionais são, de fato, extremamente relevantes e necessitam dedicação habitual e frequente. Além disso, têm relação direta na prática da gestão, no comportamento e na forma como são reconhecidas pelos interlocutores impactados pelos efeitos da liderança.
Voltemos, por isso, à aceitação da vulnerabilidade que acompanha a todos, inclusive os líderes, sejam eles de primeira gestão ou de muita experiência e história para contar.
A credibilidade pretendida pelo líder será capaz de inspirar e mobilizar os outros para a realização de aspirações e objetivos comuns. Porém, o ato de perceber-se autêntico, consciente e em paz com suas imperfeições, reconhecendo que a potência da gestão está na soma e equilíbrio de forças das pessoas que somam e agregam em suas possíveis lacunas, é legitimar a humanidade de sua liderança, para si e para quem o cerca. Afinal, liderar pessoas é uma questão de relacionamento humano o tempo todo!
Autora
Ana Maria Del Pino
Graduada em Administração de Empresas, dedicou sua carreira à área das relações humanas e educação corporativa. Certificada em práticas de aprendizagem ativa, com especialização em Gestão de Recursos Humanos e Cuidados Integrativos, é Consultora em Gestão de Negócios com foco em temas comportamentais, gestão e liderança. Professional Coach e Life Coach com Certificação Internacional em Coaching Integrado pelo ICI - Integrate Coaching Institute.
Respostas